Um hacker canadense enfrenta uma dívida vitalícia com a Nintendo, ilustrando as graves consequências da pirataria de videogames. Gary Bowser, de 55 anos, ex-integrante do grupo de hackers Team Xecuter, terá que pagar uma porcentagem de sua renda mensal à gigante dos games após ser condenado por criar e distribuir softwares e hardwares ilegais.
Em 2020, Bowser foi preso por sua participação no Team Xecuter, grupo que desenvolvia mod chips, cartuchos e softwares desbloqueados direcionados principalmente ao Nintendo Switch. Essas modificações permitiam que os usuários jogassem sem pagar pelos jogos, causando um impacto direto nos lucros da Nintendo.
As consequências legais foram severas. Bowser se declarou culpado de acusações criminais federais relacionadas à venda de ferramentas que comprometiam a segurança do console portátil da Nintendo. Ele foi condenado a 40 meses de prisão e multado em US$ 14,5 milhões (cerca de R$ 72 milhões, considerando uma conversão aproximada).
“Acordei com eles que o máximo que podem retirar é entre 25% e 30% da minha renda bruta mensal. E tenho uns seis meses antes de começar a fazer os pagamentos”, explicou Bowser em uma entrevista ao YouTuber Nick Moses, após sua libertação antecipada em 2023.
Bowser foi condenado a 40 meses de prisão. (YouTube/NickMoses05)
A libertação antecipada foi concedida devido a vários fatores, como sua idade, problemas de saúde que limitam sua mobilidade e sua cidadania canadense. No entanto, seu retorno à região de Toronto não o isentou de suas obrigações financeiras com a Nintendo, que ainda somam US$ 10 milhões em restituição e uma multa de US$ 4,5 milhões.
O caso chama atenção, já que Bowser foi o único membro do Team Xecuter a ser julgado nos Estados Unidos. Dos outros dois cúmplices, um, de nacionalidade chinesa, nunca foi preso, enquanto o outro não pôde ser extraditado para enfrentar acusações. Bowser alegou que seus lucros pessoais com a operação foram mínimos em comparação aos ganhos totais do grupo, que ultrapassaram dezenas de milhões de dólares.
As acusações contra Bowser incluíram fraude eletrônica, conspiração para contornar medidas tecnológicas, tráfico de dispositivos de “desbloqueio” e conspiração para cometer lavagem de dinheiro. Em uma entrevista ao jornal The Guardian publicada em fevereiro de 2024, Bowser revelou que conseguiu um lugar para morar, mas que ainda enfrenta dificuldades para realizar pagamentos substanciais à Nintendo enquanto busca emprego e depende de doações para custear o tratamento médico relacionado a um problema em sua perna.
Apesar das adversidades, Bowser mantém uma visão pragmática sobre sua situação, afirmando: “Poderia ser muito pior”. Seu caso serve como exemplo do rigor do sistema judicial no combate à pirataria de videogames e ao roubo de propriedade intelectual na era digital.
