Veterinários emitem alerta urgente sobre beijar cães após mulher ter braços e pernas amputados

por Lucas Rabello
1,2K visualizações

O hábito comum de permitir que cães “beijem” seus donos recentemente entrou em questão após um caso grave que transformou a vida de uma mulher para sempre. Marie Trainer, do Condado de Stark, Ohio, EUA, sofreu consequências devastadoras após uma interação aparentemente inocente com seu cachorro ao retornar de férias.

Com apenas um pequeno corte na mão, Trainer recebeu lambidas de boas-vindas e “beijos” de seu cachorro. Dias depois, sua saúde começou a piorar rapidamente. “Quatro dias depois, eu não estava bem e só piorei”, contou ela à FOX News. Inicialmente, os sintomas foram confundidos com uma gripe, e seu marido, Matt, a levou ao hospital. No entanto, seu estado se agravou até ela entrar em coma.

Os médicos identificaram a causa como sendo a bactéria Capnocytophaga canimorsus, presente na saliva de cães e gatos. Essa bactéria pode desencadear uma grave resposta imunológica ao entrar na corrente sanguínea humana, potencialmente causando coágulos que interrompem a circulação nos membros. No caso de Trainer, os médicos precisaram amputar seus dois braços e pernas para impedir que a infecção se espalhasse ainda mais.

Marie foi hospitalizada após seu cachorro lamber sua mão, que estava com um corte (Marie Trainer).

Marie foi hospitalizada após seu cachorro lamber sua mão, que estava com um corte (Marie Trainer).

Pesquisas recentes da Universidade Estadual da Pensilvânia (Penn State) destacam os cães como importantes transmissores de patógenos zoonóticos — doenças que podem ser transmitidas de animais para humanos. A autora do estudo, Sophia Kenney, enfatizou uma diferença crucial no relacionamento das pessoas com diferentes animais: “Pensamos em ovos, pensamos em carne bovina. Mas o fato é que não deixamos vacas dormirem em nossas camas ou lamberem nossos rostos, mas fazemos isso com cães.”

O Hospital Veterinário Falls Village, em Raleigh, Carolina do Norte, explica a ciência por trás desses riscos. O comportamento indiscriminado dos cães em relação ao que lambem, cheiram e comem torna suas bocas potenciais focos de bactérias perigosas, como E. coli, Campylobacter e Salmonella. Esses organismos podem ser facilmente transmitidos entre espécies, causando doenças gastrointestinais e problemas bucais em humanos.

Talvez não, pessoal.

Talvez não, pessoal.

Os riscos vão além das bactérias, incluindo parasitas como giárdia, lombrigas e ancilostomídeos, que podem ser transmitidos por meio de lambidas de cães. Esses parasitas podem causar dores abdominais graves e problemas digestivos em cães e humanos. Embora adultos saudáveis geralmente tenham sistemas imunológicos fortes o suficiente para resistir à maioria desses organismos, o risco ainda existe.

Marie Trainer continua sua jornada de recuperação, utilizando membros protéticos e passando por terapia de reabilitação. Apesar dos desafios, ela mantém uma visão positiva: “Aprender a andar foi a coisa mais difícil, mas estou bem, estou indo bem.”

Esse caso destaca a importância de compreender os riscos potenciais à saúde associados ao contato próximo com animais de estimação, especialmente para pessoas com sistemas imunológicos comprometidos ou feridas abertas. Embora casos graves como o de Trainer sejam raros, a conscientização sobre esses riscos permite que os donos de pets tomem decisões informadas sobre suas interações com seus animais.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.