‘Pirâmide’ de 25.000 anos com ‘câmaras escondidas’ provavelmente não foi feita por humanos

por Lucas Rabello
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Um recente debate arqueológico surgiu sobre a verdadeira natureza do sítio de Gunung Padang, na Indonésia, desafiando alegações anteriores sobre sua origem como uma pirâmide construída por humanos na antiguidade. A discussão gira em torno de um estudo que inicialmente sugeriu que o local continha elementos construídos que datam do período Paleolítico, o que o tornaria significativamente mais antigo do que outras estruturas piramidais conhecidas no mundo.

A equipe de pesquisa original relatou ter encontrado “cavidades ou câmaras ocultas” dentro da formação e datou solos orgânicos em vários níveis do sítio. “A datação por radiocarbono dos solos orgânicos das estruturas revelou múltiplas etapas de construção que remontam a milhares de anos a.C., com a fase inicial datando do período Paleolítico”, afirmaram os pesquisadores. Sua conclusão posicionou Gunung Padang como “não sendo uma colina natural, mas uma construção semelhante a uma pirâmide”.

Acreditava-se que Gunung Padang era uma das pirâmides mais antigas do mundo.

Acreditava-se que Gunung Padang era uma das pirâmides mais antigas do mundo.

No entanto, essa interpretação tem enfrentado críticas substanciais de outros especialistas em arqueologia. Flint Dibble, arqueólogo da Universidade de Cardiff, apresentou uma explicação mais simples para a formação do sítio. “Material que rola colina abaixo tende, em média, a se orientar”, explicou à revista Nature, sugerindo que processos geológicos naturais poderiam ser responsáveis pelas características do local.

O ceticismo é ainda reforçado pela notável ausência de indicadores arqueológicos típicos de presença humana. O local não apresenta depósitos de carvão nem fragmentos ósseos, que são geralmente abundantes em sítios arqueológicos com atividade humana. Essa ausência de marcadores tradicionais levou muitos especialistas a questionarem a hipótese de construção humana.

O arqueólogo indonésio Lutfi Yondri, do Instituto Nacional de Pesquisa e Inovação (BRIN) em Bandung, realizou pesquisas extensas na área. Seus achados confirmam a presença humana na região entre 12.000 e 6.000 anos atrás. No entanto, como ele explicou à Nature, as evidências não sustentam que os habitantes daquela época possuíssem as capacidades tecnológicas necessárias para uma construção tão sofisticada: “Os habitantes não possuíam as notáveis habilidades de alvenaria necessárias para construir a pirâmide.”

Arqueólogos rejeitaram as alegações.

Arqueólogos rejeitaram as alegações.

A controvérsia em torno de Gunung Padang destaca o desafio contínuo da arqueologia em distinguir entre formações geológicas naturais e estruturas feitas pelo homem. Embora o estudo original tenha empregado métodos científicos legítimos e coleta de dados, a interpretação desses dados gerou um debate significativo dentro da comunidade arqueológica. O consenso científico atual inclina-se para os processos geológicos naturais como a principal força por trás da formação do sítio, em vez de construção por humanos antigos ou qualquer outro meio artificial.

Esse caso demonstra a importância de análises científicas rigorosas e revisão por pares na pesquisa arqueológica, especialmente ao lidar com alegações potencialmente extraordinárias sobre as capacidades arquitetônicas humanas em tempos pré-históricos. A discussão sobre Gunung Padang continua a contribuir para o nosso entendimento de como processos geológicos naturais podem criar formações que, à primeira vista, parecem artificiais.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.