Em um caso perturbador de erro médico, Anthony Olson sofreu quase uma década de quimioterapia desnecessária após ser erroneamente diagnosticado com Síndromes Mielodisplásicas (MDS) no hospital St. Peter’s Health, em Helena, Montana, EUA. O caso levantou sérias preocupações sobre a supervisão médica e o cuidado aos pacientes na instituição, que é o único hospital de atendimento agudo para adultos na região.
Em 2011, quando Olson tinha 33 anos, o então oncologista Dr. Thomas C. Weiner deu o que parecia ser um diagnóstico terminal. “Esse diagnóstico mudou o rumo da minha vida”, disse Olson, hoje com 47 anos, ao ProPublica. As MDS, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer dos EUA, são um grupo de cânceres que afetam o desenvolvimento de células sanguíneas na medula óssea.
O diagnóstico foi baseado em duas biópsias de medula óssea realizadas com meses de diferença, cujos resultados eram conflitantes. Enquanto a primeira biópsia sugeria a presença de MDS, a segunda não mostrou sinais da doença. Apesar dessa discrepância, o Dr. Weiner insistiu na continuidade do tratamento, alegando que o resultado negativo indicava apenas que o tratamento estava funcionando.
A verdade começou a vir à tona em 2016, quando o nefrologista Dr. Robert LaClair, que cuidava da diálise de Olson, descobriu complicações preocupantes. Olson estava sofrendo de sobrecarga de ferro, e a quimioterapia estava agravando sua anemia, uma condição pré-existente antes do diagnóstico de MDS. Essas descobertas levaram LaClair a questionar o diagnóstico original.
Em 2019, as suspeitas de LaClair se intensificaram, levando-o a recomendar que Olson buscasse uma segunda opinião. A situação mudou significativamente quando LaClair, após se tornar o chefe do comitê de revisão interna do hospital, tomou medidas que resultaram na demissão de Weiner.
Uma investigação subsequente revelou que a amostra original, quando retestada pelo hospital, não apresentava nenhuma evidência de MDS. O hospital St. Peter’s Health admitiu posteriormente que pacientes sob os cuidados de Weiner, incluindo Olson, receberam tratamentos desnecessários, como quimioterapia.
As consequências desse erro médico levaram a processos jurídicos em várias frentes. Olson interrompeu seu tratamento contra o câncer em 2021 e processou o St. Peter’s Health no ano seguinte, o que resultou em um acordo de valor não divulgado. Enquanto isso, o Dr. Weiner manteve sua inocência e entrou com um processo por demissão injusta e difamação contra o hospital.
Quando questionado sobre os resultados negativos da biópsia, Weiner defendeu suas ações, afirmando: “Isso não significa que você não tinha a doença. Apenas quer dizer que o tratamento funcionou e a eliminou. Não significa que você não a tinha no início.”
Os processos legais continuam, com o recurso de Weiner pendente na Suprema Corte do estado de Montana em 20 de dezembro, após uma decisão desfavorável de um juiz de Montana.