Um recente episódio de um podcast médico gerou discussões importantes sobre práticas de higiene bucal, especialmente em relação ao uso de enxaguantes bucais à base de álcool. O Dr. Karan Rajan, cirurgião britânico ligado ao NHS (Sistema de Saúde do Reino Unido), compartilhou informações relevantes sobre os riscos potenciais associados a esses produtos comuns de cuidado oral.
Durante o podcast, o Dr. Rajan destacou a importância do microbioma oral e sua vulnerabilidade aos enxaguantes bucais que contêm álcool. Ele afirmou: “As pessoas não deveriam usar enxaguantes bucais com álcool se não precisarem. Estamos cada vez mais entendendo que temos um microbioma oral, e ele pode ser afetado pelo álcool.”
A explicação científica para sua preocupação está relacionada à forma como os enxaguantes bucais alcoólicos interagem com o ecossistema natural da boca. Esses produtos possuem concentrações de álcool mais altas do que bebidas alcoólicas e permanecem em contato com os tecidos orais por períodos prolongados. O uso regular de tais enxaguantes pode eliminar as bactérias benéficas, que desempenham papéis essenciais na proteção dos dentes e gengivas, na manutenção do hálito fresco e no auxílio ao processo digestivo.
O Dr. Rajan mencionou pesquisas emergentes que sugerem possíveis implicações para a saúde: “Há algumas evidências iniciais que sugerem que o uso crônico de enxaguantes bucais tem sido associado, de forma correlativa, ao aumento de taxas de câncer colorretal devido à alteração do microbioma oral.”
Os possíveis efeitos adversos de enxaguantes bucais à base de álcool vão além da alteração do microbioma. Os usuários podem sofrer de diversos problemas de saúde bucal, incluindo sensação de queimação, dor nas mucosas, degradação de materiais de restauração dentária (como resinas compostas), manchas nos dentes, erosão do esmalte e formação de úlceras.
Contribuindo para a discussão, a higienista dental americana Whitney DiFoggio apresentou sua perspectiva profissional sobre o uso de enxaguantes bucais. Ela declarou: “Você não precisa de enxaguante bucal. Escovar manualmente a placa e os resíduos dos dentes com uma escova, além de usar algo para limpar entre os dentes e cobrir as partes da frente, de trás, de cima e de baixo, é o que você realmente precisa.”
Para aqueles que optam por usar enxaguantes bucais, o momento de uso é crucial. Profissionais de saúde recomendam evitar o uso imediatamente após a escovação dos dentes, pois isso pode remover a camada protetora de flúor deixada pelo creme dental. Em vez disso, sugerem usar o enxaguante bucal após as refeições, como o almoço, e esperar 30 minutos antes de comer ou beber novamente.
O conselho do Dr. Rajan também se estende à conscientização do consumidor, incentivando as pessoas a lerem com atenção os rótulos dos produtos antes de comprá-los. Essa recomendação visa ajudar os indivíduos a tomarem decisões informadas sobre os produtos de cuidado oral e compreenderem o impacto potencial em sua saúde bucal.
A discussão destaca a importância de entender os ingredientes dos produtos de higiene bucal e seus efeitos na saúde oral. À medida que as pesquisas continuam a revelar mais sobre a complexa relação entre o microbioma oral e a saúde geral, os profissionais de saúde vêm defendendo abordagens mais conscientes para as práticas de higiene bucal.