Aeroportos foram forçados a fazer grandes mudanças nas máquinas de raio-X após revelarem o que os seguranças conseguiam ver

por Lucas Rabello
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A evolução da tecnologia de triagem de segurança nos aeroportos teve uma reviravolta inesperada no início da década de 2010, quando preocupações generalizadas com a privacidade forçaram uma mudança significativa nos equipamentos de raio-x. A Administração de Segurança no Transporte (TSA) dos Estados Unidos inicialmente implantou máquinas Rapiscan em aeroportos do país, com o Reino Unido adotando a mesma medida logo em seguida. No entanto, a tecnologia rapidamente se tornou controversa devido à sua capacidade de criar imagens invasivas.

A introdução desses scanners foi uma resposta direta a uma séria ameaça à segurança. Em 2009, uma tentativa de ataque no Dia de Natal, em Detroit, acendeu o alerta quando Umar Farouk Abdulmutallab escondeu um explosivo em sua roupa íntima e tentou detoná-lo durante um voo. Felizmente, a bomba não explodiu, mas o incidente levou as autoridades a reforçarem as medidas de segurança.

Os antigos scanners eram extremamente invasivos (X /@‌greendaylover44).

Os antigos scanners eram extremamente invasivos (X /@‌greendaylover44).

A TSA instalou mais de 170 máquinas Rapiscan nos aeroportos dos Estados Unidos. No entanto, esses dispositivos, que custavam US$ 180.000, rapidamente ganharam o apelido de “raios-x de strip-tease virtual” devido à alta definição das imagens geradas. A pesquisadora de comunicação Shawna Malvini Redden explicou à revista *Reader’s Digest*: “As primeiras versões dos scanners foram lançadas sem qualquer proteção de privacidade, e os agentes de segurança podiam ver imagens nuas dos passageiros à medida que eles passavam pela triagem.”

A indignação pública em relação à violação de privacidade levou a mudanças significativas em 2013. A TSA exigiu que a Rapiscan desenvolvesse um novo software que protegesse a privacidade dos passageiros sem comprometer a eficiência da segurança. Quando a empresa informou que não cumpriria o prazo de junho de 2013, a TSA encerrou parte do contrato.

As imagens exibidas para a segurança atualmente são muito mais genéricas, enquanto ainda detectam possíveis ameaças.

As imagens exibidas para a segurança atualmente são muito mais genéricas, enquanto ainda detectam possíveis ameaças.

A TSA divulgou uma declaração oficial sobre a situação: “A TSA tem requisitos rigorosos que todos os fornecedores devem atender em termos de eficácia e eficiência de segurança. Devido à sua incapacidade de implementar o software de Reconhecimento Automático de Alvo (ATR) não-imagético dentro do prazo estabelecido pelo Congresso, a TSA encerrou parte de seu contrato com a Rapiscan.”

A agência também afirmou: “Até junho de 2013, os viajantes só verão máquinas que possuem ATR, permitindo um fluxo mais rápido. Isso significa filas mais rápidas para os viajantes e segurança aprimorada. Como sempre, o uso dessa tecnologia é opcional.”

A tecnologia substituta, os scanners de ondas milimétricas, continua sendo usada nos aeroportos atualmente. Esses dispositivos modernos abordam as preocupações anteriores com privacidade enquanto mantêm os padrões de segurança. Redden descreve como funciona o processo atual de triagem: “Os agentes de segurança só veem esse contorno com um sinal verde de ‘liberado’ ou vermelho de ‘parar e verificar’. Se alguém tiver algo no bolso, por exemplo, a máquina aciona um alarme em uma área específica do contorno, como a região da cintura, para que o agente saiba onde procurar.”

Essa mudança tecnológica demonstra como as medidas de segurança nos aeroportos se adaptam para equilibrar a privacidade dos passageiros com os requisitos de segurança. Os novos sistemas de triagem mantêm os protocolos de segurança enquanto oferecem uma experiência menos invasiva para os viajantes.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.