Nos cantos mais sombrios da internet, um hacker veterano com três décadas de experiência compartilhou detalhes sobre as inquietantes realidades da dark web. Esse submundo digital, conhecido por abrigar atividades criminosas, revela cenários perturbadores que podem abalar até mesmo os profissionais mais experientes em cibersegurança.
O hacker anônimo, que começou sua carreira como um “black hat” (hackers que operam fora da lei e sem ética) e depois se tornou um “white hat” (hackers éticos que trabalham dentro da lei), agora utiliza sua expertise para identificar vulnerabilidades em sistemas que podem representar riscos significativos. “Também faço coisas como caçar criminosos que estão atacando hospitais ou as empresas que estou protegendo”, explicou ele em entrevista à VICE em 2021.
Uma das ameaças mais prevalentes que ele encontra é o ransomware, um tipo de ataque cibernético que tem evoluído significativamente ao longo do tempo. “É uma técnica de ataque que existe há décadas”, disse ele. “O ransomware moderno geralmente é um malware que entra no seu sistema, criptografa todos os seus dados e os mantém como reféns, exigindo que você entre em contato com as gangues que o operam, pagando-os de alguma forma antes que eles forneçam a chave para descriptografar seus dados.”
Os riscos associados a essas operações cibernéticas cresceram exponencialmente. O que começou como esquemas que exigiam centenas ou milhares de dólares de alvos individuais se transformou em operações sofisticadas que buscam milhões em resgates. “Os pagamentos maiores de que estamos falando agora chegam facilmente às dezenas de milhões”, revelou o hacker. Em um ataque recente, criminosos exigiram 70 milhões de dólares por uma chave de campanha que liberaria todos os computadores afetados.
A complexidade moral de seu trabalho fica evidente em ataques relacionados à área da saúde. “Eu vi hospitais sendo criptografados, e as pessoas enfrentarem a escolha: devo pagar para descriptografar os dados ou arriscar vidas?”, compartilhou ele. Esse cenário destaca as consequências reais dos crimes cibernéticos, que vão muito além de perdas financeiras.
Olhando para o futuro, o hacker mantém uma perspectiva equilibrada sobre os riscos potenciais. “Não acho que precisamos nos preocupar muito com nosso arsenal nuclear sendo tomado, como nos filmes, e usado contra nós”, afirmou. No entanto, ele enfatizou a necessidade de atenção em relação a outras infraestruturas críticas: “Mas acho que precisamos nos preocupar com grandes impactos nos mercados financeiros ou potenciais impactos em coisas como instalações de produção de eletricidade.”
A dark web continua a abrigar diversos atores maliciosos, incluindo o que o hacker descreve como “atacantes destrutivos” que “querem ver o mundo pegar fogo”. Esses indivíduos representam uma ameaça persistente no cenário digital, exigindo monitoramento constante e ações de combate por parte dos profissionais de cibersegurança.
Essa evolução no crime cibernético demonstra como as ameaças digitais se tornaram cada vez mais sofisticadas e potencialmente devastadoras, afetando não apenas indivíduos, mas também instituições inteiras e sistemas de infraestrutura crítica. As apostas financeiras dispararam, e os alvos agora incluem serviços essenciais e infraestruturas vitais.