A chegada de um bebê ao mundo é acompanhada por uma fase de extrema vulnerabilidade, especialmente devido ao sistema imunológico ainda em desenvolvimento. Nos primeiros três meses de vida, os recém-nascidos possuem menos células imunológicas para combater infecções, como neutrófilos e monócitos, em comparação aos adultos.
Essa característica biológica faz com que infecções leves para adultos possam se tornar ameaças graves à saúde dos bebês. Um levantamento recente da instituição britânica *The Lullaby Trust* revelou um dado preocupante: mais da metade dos pais e futuros pais (54%) desconhecem os riscos de permitir que amigos e familiares beijem seus recém-nascidos.
O Perigo do Vírus da Herpes
O vírus da herpes é um dos maiores riscos para a saúde dos recém-nascidos. Enquanto em adultos ele geralmente causa apenas sintomas leves, como feridas labiais, em bebês pode ter consequências devastadoras.
Quando ocorre a infecção por herpes em um recém-nascido, ela pode rapidamente evoluir de uma condição localizada — afetando olhos, boca ou pele — para uma infecção sistêmica, comprometendo órgãos vitais.
Os primeiros 28 dias após o nascimento são o período de maior vulnerabilidade, durante o qual a herpes pode ser fatal. Médicos reforçam que o tratamento antiviral precoce é crucial para a recuperação, principalmente quando a infecção ainda está localizada.
Infecções Bacterianas e Seus Efeitos
Além dos riscos virais, recém-nascidos enfrentam maior suscetibilidade a infecções bacterianas. Um exemplo é o estreptococo do grupo B (GBS), que frequentemente habita o trato digestivo e genital de adultos sem causar problemas.
No entanto, para os bebês, essas bactérias podem causar complicações graves, como sepse, pneumonia, meningite e infecções no sangue.
Da mesma forma, algumas cepas de Escherichia coli (E. coli), que não são prejudiciais para adultos, podem causar pneumonia, meningite e sepse em recém-nascidos, com consequências muitas vezes severas. Esses riscos reforçam a importância de práticas rigorosas de higiene ao lidar com bebês.
Medidas Práticas de Prevenção
Profissionais de saúde recomendam várias medidas práticas para proteger os recém-nascidos sem comprometer as relações sociais. A higiene das mãos é essencial, sendo necessário lavá-las cuidadosamente antes de qualquer contato com o bebê.
Caso o contato físico seja inevitável, é importante evitar áreas como rosto e boca, optando por locais mais seguros, como a parte de trás da cabeça ou os pés. Visitantes com qualquer tipo de doença, especialmente sintomas respiratórios ou feridas de herpes visíveis, devem adiar a visita. Se o adiamento não for possível, o uso de máscaras e o distanciamento físico ao interagir com o bebê são medidas indispensáveis.
Os pais devem se sentir à vontade para estabelecer essas regras com clareza, sabendo que tais precauções não são exageros, mas sim medidas fundamentadas em orientações médicas. O bem-estar do bebê deve sempre ser prioridade. Afinal, embora beijar um recém-nascido seja uma demonstração de carinho, isso pode colocá-lo em risco de infecções graves — e ninguém gostaria de carregar essa culpa.