Cientistas capturam imagens raras de animal não visto há 140 anos

por Lucas Rabello
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Em um avanço científico notável na Ilha Fergusson, Papua Nova Guiné, pesquisadores documentaram o primeiro avistamento do faisão-pombo de nuca preta em 140 anos. A ave, criticamente ameaçada de extinção e nativa das florestas tropicais de Nova Guiné, foi capturada por armadilhas fotográficas instaladas por uma equipe de expedição liderada por John Mittermeier e Jason Gregg.

A descoberta aconteceu quando a equipe de pesquisa colaborou com caçadores locais e moradores da Ilha Fergusson, um terreno dominado por florestas tropicais e três vulcões proeminentes. O residente local Augustin Gregory relatou ter ouvido os chamados distintivos da ave, enquanto outros ilhéus compartilharam suas próprias experiências de avistamento. Baseando-se nesse conhecimento local, a equipe posicionou estrategicamente suas câmeras.

“Quando coletamos as armadilhas fotográficas, eu achava que havia menos de um por cento de chance de conseguir uma foto do faisão-pombo de nuca preta”, disse Jordan Boersma, pesquisador de pós-doutorado da Cornell. As expectativas mínimas da equipe foram superadas quando a câmera capturou imagens nítidas da ave passando em frente ao equipamento.

A raridade do faisão-pombo de nuca preta decorre do desmatamento extensivo na região. Este desafio ambiental tem impactado severamente diversas espécies de vida selvagem, particularmente aves que dependem das árvores para habitat e nidificação. O desmatamento contínuo para construção e outros propósitos continua a ameaçar a sobrevivência da espécie.

O especialista local em aves, Doka Nason, que acompanhou a expedição, expressou sua empolgação: “Eu estava pulando e gritando.” O vídeo da reação da equipe, mostrando-os de mãos dadas e batendo os pés de alegria, ganhou significativa atenção online.

A importância desta descoberta vai além dos círculos científicos. Boersma enfatizou a importância cultural da ave: “Esta ave significou algo e continua a significar algo para o povo local. É parte de suas lendas e cultura—se perdermos esta espécie, então sua importância cultural será perdida junto com o papel que desempenha neste ecossistema fantástico.”

O faisão-pombo de nuca preta não era avistado há 140 anos (American Bird Conservancy).

O faisão-pombo de nuca preta não era avistado há 140 anos (American Bird Conservancy).

Apesar deste avanço, o faisão-pombo de nuca preta continua criticamente ameaçado. A documentação desta espécie na Ilha Fergusson, parte do arquipélago D’Entrecasteaux, fornece dados cruciais para esforços de conservação. As imagens não apenas confirmam a existência da ave, mas também oferecem insights sobre seu comportamento e preferências de habitat.

Pesquisadores disseram que capturar imagens da criatura foi como 'encontrar um unicórnio' (American Bird Conservancy).

Pesquisadores disseram que capturar imagens da criatura foi como ‘encontrar um unicórnio’ (American Bird Conservancy).

O sucesso desta expedição destaca o valor de combinar expertise científica com conhecimento local. A colaboração entre pesquisadores e residentes da ilha provou ser essencial para localizar e documentar esta espécie elusiva.

Esta redescoberta adiciona outro capítulo à história contínua da biodiversidade nas florestas tropicais da Papua Nova Guiné. Embora o sucesso de uma armadilha fotográfica traga esperança, também sublinha a urgência de abordar o desmatamento e a perda de habitat na região.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.