Enquanto o empresário de tecnologia Bryan Johnson investe milhões em tratamentos experimentais contra o envelhecimento, incluindo injeções dolorosas de células-tronco, a natureza revelou silenciosamente sua própria solução através de uma fonte inesperada: a água-viva pente. Cientistas da Universidade de Bergen descobriram que essas criaturas marinhas transparentes, cientificamente conhecidas como Mnemiopsis leidyi, possuem uma habilidade extraordinária de reverter seu processo de envelhecimento naturalmente.
“O trabalho desafia nossa compreensão do desenvolvimento animal primitivo e dos planos corporais”, explica Joan J. Soto-Angel, pós-doutorando no Departamento de História Natural da Universidade de Bergen. Esta descoberta revolucionária mostra que as águas-vivas pente podem se transformar de seu estado adulto de volta a uma forma juvenil, efetivamente rebobinando seu relógio biológico.
A descoberta ocorreu por acaso quando Soto-Angel notou algo peculiar em seu tanque de pesquisa. “Um ctenóforo adulto aparentemente desapareceu, substituído pelo que parecia ser uma larva”, ele relata. Esta observação levou a uma série de experimentos que revelariam a capacidade notável da criatura.
Trabalhando ao lado de Pawel Burkhardt no Centro Michael SARS, a equipe de pesquisa descobriu que, sob condições específicas de estresse, como inanição e ferimentos físicos, esses animais marinhos podem reverter de sua forma lobada madura para um estágio larval de ctenóforo. “Ao longo de várias semanas, eles não apenas remodelaram suas características morfológicas, mas também exibiram um comportamento alimentar completamente diferente, típico de uma larva de ctenóforo”, observa Soto-Angel.
As descobertas, publicadas nos Proceedings of the National Academy of Sciences, colocam as águas-vivas pente em um grupo seleto de criaturas “imortais”, ao lado da já conhecida Turritopsis dohrnii. Essa capacidade de regressão biológica representa uma mudança significativa na forma como os cientistas entendem os ciclos de vida animal.
“O fato de termos encontrado uma nova espécie que usa essa peculiar ‘máquina do tempo’ levanta questões fascinantes sobre quão difundida essa capacidade está na árvore da vida animal”, explica Soto-Angel. As implicações dessa descoberta se estendem além da biologia marinha, oferecendo potencialmente novas perspectivas sobre regeneração celular e processos de envelhecimento.
Esse fenômeno natural contrasta fortemente com os atuais esforços humanos contra o envelhecimento, como os procedimentos caros e invasivos de Johnson para alcançar a restauração da juventude. Enquanto os humanos investem em soluções tecnológicas dispendiosas, essas criaturas marinhas demonstram que a natureza já desenvolveu métodos eficientes para reverter o envelhecimento.
A equipe de pesquisa continua a investigar os mecanismos por trás dessa transformação notável, buscando entender os processos biológicos que permitem que as águas-vivas pente alcancem o que os humanos há muito procuram: a capacidade de voltar no tempo a nível celular.