Cientistas revelam por que sonhamos que estamos morrendo

por Lucas Rabello
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Quando “A Hora do Pesadelo”, de Wes Craven, estreou em novembro de 1984, apresentou ao público Freddy Krueger, um assassino sobrenatural que perseguia adolescentes em seus sonhos. O filme, que lançou a carreira de Johnny Depp em seu papel de estreia como Glen Lantz, explorou um medo primordial: a possibilidade de morrer durante o sono.

Embora o fictício Krueger não possa realmente machucar ninguém, pesquisas científicas revelam conexões intrigantes entre pesadelos, especialmente aqueles envolvendo a morte, e respostas físicas no corpo humano. Segundo a professora Tiina Paunio, da Universidade de Helsinque, os pesadelos desencadeiam reações biológicas específicas que merecem atenção da comunidade médica.

Durante esses sonhos assustadores, o cérebro passa por mudanças significativas em sua química. “Pesadelos geralmente ocorrem sob estresse emocional – então o estresse agudo da vida é um fator de risco”, explicou a professora Paunio em uma entrevista ao MailOnline. A experiência faz com que os níveis de noradrenalina aumentem em duas regiões cerebrais principais: a amígdala e o locus coeruleus, que são responsáveis por processar medo, ansiedade e raiva.

A resposta do corpo ao medo, mesmo em sonhos, ativa o mecanismo de luta ou fuga. Esse sistema de defesa natural inunda o corpo com hormônios do estresse como adrenalina e cortisol. Embora esses hormônios sejam cruciais para a sobrevivência em situações de perigo real, eles podem potencialmente prejudicar os órgãos internos quando liberados em grandes quantidades.

A professora Paunio aponta que certos fatores de estilo de vida podem aumentar a probabilidade de se ter pesadelos. “O uso de álcool é outro fator de risco bem conhecido para pesadelos”, ela observa. A combinação de estresse emocional e uso de substâncias pode intensificar essas experiências noturnas.

Para indivíduos com condições de saúde pré-existentes, particularmente doenças cardíacas, a resposta ao estresse físico desencadeada por pesadelos intensos pode representar riscos. No entanto, a professora Paunio enfatiza que tais casos são incomuns: “Geralmente, os riscos à saúde dos pesadelos são tipicamente indiretos e estão ligados aos fatores causais que subjazem aos pesadelos.”

A American Heart Foundation confirma que morrer de susto é extremamente raro e geralmente ocorre apenas em pessoas com condições cardiovasculares subjacentes. Esta perspectiva médica adiciona uma camada de contexto do mundo real aos medos sobrenaturais retratados em filmes de terror como “A Hora do Pesadelo”.

A relação entre sonhos, medo e saúde física continua a interessar pesquisadores em ciência do sono. Compreender essas conexões ajuda os profissionais de saúde a entender melhor como experiências psicológicas durante o sono podem impactar o bem-estar físico.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.