Cientistas finalmente conseguem explicar o misterioso som detectado a milhares de metros abaixo da superfície do oceano

por Lucas Rabello
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Uma descoberta fascinante emergiu das profundezas do Oceano Pacífico, onde pesquisadores identificaram a origem de um som de clique enigmático capturado por equipamentos de monitoramento subaquático. Will Oestreich, da Fundação Nacional de Ciência dos EUA, desvendou esse mistério oceânico, revelando que esses sons se originam dos cachalotes utilizando a ecolocalização durante suas expedições de caça.

“Cada clique dura uma fração de segundo. É realmente uma agulha no palheiro, mesmo sendo o som biológico mais alto conhecido na Terra”, disse Oestreich ao SFGATE. Os sons, inicialmente detectados por um hidrofone colocado no fundo do oceano, ao largo da costa da Califórnia, apresentavam um padrão distinto – começando lentamente e acelerando até se tornarem um som contínuo que lembrava uma saída mecânica.

A descoberta possui um valor científico significativo, como Oestreich explica: “É uma ferramenta realmente interessante para nós, pesquisadores, porque eles estão nos contando coisas sobre suas próprias vidas. Eles são um predador de topo – tigres do mar profundo – e seu comportamento reflete uma teia alimentar que é difícil para nós estudarmos.”

Esses gigantes marinhos podem produzir sons superiores a 200 decibéis, e sua presença foi documentada em impressionantes 1.272 dias durante um período de monitoramento de sete anos. A pesquisa revelou insights inesperados sobre as populações de cachalotes em uma área onde eles não são frequentemente observados. “Foi realmente empolgante, porque eles não são avistamentos comuns nesta parte do mundo”, observou Oestreich.

A análise dos padrões de clique pela equipe de pesquisa revelou informações detalhadas sobre a demografia das baleias. O intervalo entre os cliques fornece indicadores do tamanho das baleias, permitindo que os pesquisadores distingam entre adultos, adolescentes e filhotes. Esta informação é particularmente valiosa, dado o status do cachalote como uma espécie vulnerável, potencialmente enfrentando riscos de extinção.

Os achados demonstram a eficácia do monitoramento acústico passivo no estudo da vida marinha. Ao analisar esses sons subaquáticos, os cientistas podem rastrear os movimentos das baleias, estimar tamanhos populacionais e entender a composição dos grupos sem observação direta. Este método de pesquisa prova ser especialmente valioso no monitoramento dos cachalotes, que passam considerável tempo em águas profundas onde a observação visual é desafiadora.

O estudo destaca a complexidade dos ecossistemas marinhos e os modos sofisticados pelos quais os mamíferos marinhos navegam em seu ambiente. Esses sons de clique, embora misteriosos para os ouvidos humanos, representam um sistema altamente evoluído de comunicação e navegação que esses predadores marinhos desenvolveram ao longo de milhões de anos de evolução.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.