A simbiosexualidade é um novo fenômeno que forçou os especialistas a ‘repensar a atração humana’

por Lucas Rabello
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Nos últimos meses, o lançamento do mais recente filme de Zendaya, “Challengers”, provocou debates sobre poliamor e relacionamentos não convencionais. Enquanto o filme explora um triângulo amoroso apaixonante, um novo estudo lança luz sobre um aspecto menos conhecido da atração em relacionamentos com múltiplos parceiros: a simbiosexualidade.

A simbiosexualidade é um conceito fascinante que desafia nossa compreensão tradicional da atração. Refere-se à atração de um indivíduo pela energia e dinâmica compartilhada entre duas pessoas em um relacionamento já estabelecido, em vez de ser atraído por cada pessoa individualmente. Esse fenômeno adiciona uma nova dimensão à maneira como percebemos o desejo e a conexão humana.

Sally W. Johnston, professora adjunta de antropologia e sociologia na Universidade de Seattle, conduziu recentemente um estudo inovador sobre esse tópico. Sua pesquisa, publicada nos Archives of Sexual Behavior, analisou dados do The Pleasure Study de 2023, que entrevistou 373 participantes sobre vários aspectos de suas identidades sexuais e de gênero.

As descobertas de Johnston revelam que um número significativo de participantes relatou sentir uma atração sexual e romântica pelo que descreveram como uma “terceira força” ou “sinergia” entre os membros existentes de um casal. Essa descoberta sugere que talvez precisemos reconsiderar nossa compreensão da atração humana como uma experiência exclusivamente de um para um.

O estudo define a atração simbiosexual como “atração pela energia, multidimensionalidade e poder compartilhados entre pessoas em relacionamentos”. Os participantes descreveram essa atração como uma experiência forte, frequente e, às vezes, penetrante. Curiosamente, a pesquisa indica que a atração simbiosexual é vivenciada por um grupo diversificado de indivíduos, desafiando noções preconcebidas sobre quem pode ser atraído por tais dinâmicas.

O interesse de Johnston pela simbiosexualidade surgiu de sua pesquisa anterior sobre o tratamento de “unicórnios” dentro de comunidades poliamorosas. No contexto de relacionamentos não monogâmicos, um unicórnio é tipicamente definido como uma pessoa disposta a se juntar a um casal existente para atividades sexuais sem participar de outros aspectos do relacionamento.

Apesar dos potenciais benefícios sexuais de ser um unicórnio, Johnston descobriu que esses indivíduos muitas vezes enfrentam desafios dentro das comunidades poliamorosas. Eles podem experimentar objetificação e ostracismo, destacando as complexas dinâmicas sociais em jogo nos relacionamentos com múltiplos parceiros.

“Relações sexuais e românticas entre pessoas solteiras e casais (potencialmente motivadas por atração simbiosexual) recebem muita atenção negativa nas comunidades poliamorosas”, explicou Johnston em uma entrevista ao PsyPost. “Eu queria aprender mais sobre essa atração pouco estudada.”

O surgimento da simbiosexualidade como uma forma reconhecida de atração levanta questões importantes sobre a natureza dos relacionamentos e do desejo humano. Isso nos desafia a ir além dos modelos tradicionais de parceria e considerar as maneiras multifacetadas pelas quais as pessoas podem se conectar umas com as outras.

Mas como qualquer estilo de relacionamento, os arranjos simbiosexuais exigem comunicação clara, consentimento e respeito mútuo entre todas as partes envolvidas. O potencial para objetificação ou tratamento desigual, como observado em algumas dinâmicas de unicórnio, ressalta a necessidade de práticas éticas e consciência emocional nos relacionamentos poliamorosos.

Seja você pessoalmente interessado em explorar o poliamor ou apenas curioso sobre diferentes dinâmicas de relacionamento, o conceito de simbiosexualidade oferece um vislumbre fascinante do espectro em constante expansão da atração humana. À medida que continuamos a desafiar as noções tradicionais de amor e parceria, estudos como o de Johnston contribuem para uma compreensão mais inclusiva e detalhada dos relacionamentos em todas as suas formas.

Lucas Rabello
Lucas Rabello

Fundador do portal Mistérios do Mundo (2011). Escritor de ciência, mas cobrindo uma ampla variedade de assuntos. Ganhou o prêmio influenciador digital na categoria curiosidades.