Pavel Durov, o bilionário fundador e CEO do Telegram, foi supostamente preso no aeroporto de Bourget, próximo a Paris, na noite de sábado. A prisão foi relatada pelas redes de televisão francesas TF1 e BFM TV, citando fontes não identificadas, segundo a Reuters.
Durov, cuja fortuna é estimada pela Forbes em 15,5 bilhões de dólares, estava supostamente viajando em seu jato particular do Azerbaijão quando foi detido por volta das 20:00, horário local (18:00 GMT). De acordo com os relatos, as autoridades francesas haviam emitido um mandado de prisão como parte de uma investigação policial preliminar.
A investigação supostamente foca na falta de moderadores no Telegram, com a polícia considerando que essa situação permite que atividades criminosas ocorram sem restrições na plataforma de mensagens. Nem o Telegram nem as autoridades francesas responderam imediatamente aos pedidos de comentários sobre o assunto.
Fundado pelo russo Durov, o Telegram tornou-se uma das principais plataformas de mídia social do mundo, classificando-se ao lado de Facebook, YouTube, WhatsApp, Instagram, TikTok e WeChat. O aplicativo é particularmente influente na Rússia, Ucrânia e em outros países da ex-União Soviética. Atualmente, conta com 900 milhões de usuários ativos e visa alcançar um bilhão de usuários no próximo ano.
Durov deixou a Rússia em 2014 após se recusar a cumprir as exigências do governo para fechar comunidades de oposição em sua plataforma de mídia social anterior, VK, que ele vendeu posteriormente. Ele agora reside em Dubai, onde o Telegram está sediado.
O aplicativo de mensagens ganhou destaque significativo desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022. Tornou-se a principal fonte de conteúdo não filtrado sobre a guerra e os desenvolvimentos políticos relacionados, às vezes incluindo informações gráficas e potencialmente enganosas de ambos os lados do conflito.
O Telegram também surgiu como o canal de comunicação preferido do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy e seus oficiais. O Kremlin e funcionários do governo russo também usam a plataforma para disseminar suas notícias. Para muitos russos, tornou-se uma das poucas vias restantes para acessar notícias sobre a guerra.
Durov afirmou anteriormente que alguns governos tentaram pressioná-lo, mas ele mantém que o aplicativo deve permanecer uma “plataforma neutra” e não se tornar um “jogador na geopolítica.”
A prisão relatada gerou reações rápidas de autoridades russas. A embaixada russa na França disse à agência de notícias estatal TASS que não foi contatada pela equipe de Durov após os relatos, mas estava tomando medidas “imediatas” para esclarecer a situação.
Vários políticos russos, incluindo Mikhail Ulyanov, representante da Rússia em organizações internacionais em Viena, foram rápidos em criticar as ações da França. Ulyanov escreveu na plataforma de mídia social X: “Algumas pessoas ingênuas ainda não entendem que, se desempenham um papel mais ou menos visível no espaço de informação internacional, não é seguro para elas visitarem países que se movem em direção a sociedades muito mais totalitárias.”
Até agora, nenhuma confirmação oficial da prisão de Durov foi fornecida pelas autoridades francesas ou pelo Telegram. A situação continua a se desenvolver, e mais detalhes são esperados nos próximos dias.