A tragédia que se abateu sobre Giuseppe Russo, um jovem de 23 anos na Itália, chocou a comunidade local e trouxe à tona uma ameaça muitas vezes subestimada: a picada da aranha-violinista. O incidente, ocorrido no sul do país, na região da Apúlia, resultou na morte do rapaz após mais de um mês de luta contra os efeitos do veneno do aracnídeo.
Giuseppe foi picado na perna enquanto trabalhava no campo, uma situação aparentemente comum que se transformou em um pesadelo. O veneno da aranha-violinista, conhecida cientificamente como Loxosceles reclusa, desencadeou uma série de complicações que culminaram em um choque séptico e na falência geral dos órgãos vitais. Apesar dos esforços médicos no hospital de Bari, o jovem não resistiu, falecendo na madrugada do último sábado.
O caso de Giuseppe não é isolado. Apenas algumas semanas antes, um policial siciliano de 52 anos, Franco Aiello, também perdeu a vida após ser picado por uma aranha da mesma espécie. Esses dois incidentes fatais ocorridos no mesmo verão italiano acenderam um alerta sobre os perigos potenciais desse pequeno aracnídeo.
A aranha-violinista, apesar de seu tamanho diminuto – chegando a no máximo 7,5 mm – carrega um veneno potente. Seu nome deriva de uma característica marca em forma de violino em seu corpo, que a torna facilmente identificável para os especialistas. Essa espécie tem preferência por ambientes secos e é frequentemente encontrada em fendas, jardins e próxima a residências, o que aumenta as chances de contato com humanos.
A distribuição geográfica da Loxosceles reclusa é ampla, abrangendo países mediterrâneos, regiões da Ásia e da América do Norte, conforme registrado pelo catálogo mundial de aranhas do Museu de História Natural de Berna. No Brasil, embora a espécie específica envolvida nos casos italianos não seja comum, existem várias espécies do gênero Loxosceles, conhecidas popularmente como aranha-marrom ou aranha-violino.
O Ministério da Saúde brasileiro classifica o gênero Loxosceles como um dos três de maior importância em saúde pública, ao lado dos gêneros Phoneutria e Latrodectus. Essas aranhas não são consideradas agressivas, picando geralmente quando comprimidas contra o corpo humano. Seus hábitos noturnos e a preferência por locais escuros e pouco movimentados, como atrás de móveis, em caixas armazenadas ou em porões, aumentam o risco de acidentes inadvertidos.
No Brasil, os acidentes com aranhas do gênero Loxosceles apresentam uma sazonalidade marcante, ocorrendo com maior frequência entre outubro e março, padrão similar ao observado em acidentes com serpentes e escorpiões. A região Sul do país é particularmente afetada, respondendo por aproximadamente 80% das notificações de acidentes loxoscélicos. Em 2023, foram registrados 8.748 casos em todo o país, dos quais 6.460 ocorreram nos estados do Sul.
O Ministério da Saúde recomenda lavar o local da picada, aplicar compressas mornas para aliviar a dor e, principalmente, buscar atendimento médico imediato. Se possível, é aconselhável capturar a aranha ou obter uma fotografia nítida para auxiliar na identificação, desde que isso não represente risco de novo acidente.