Todos os anos celebramos o dia das crianças, mudamos nossas fotos de perfil para nossa versão mirim e presenteamos as crianças que mais amamos.
Ser criança é uma fase muito especial, que muitos alegam que seria a melhor fase para todos, pois não temos nenhuma preocupação.
No entanto, esse bordão pode não ser uma verdade completa: existem crianças que tiveram infâncias totalmente diferentes das quais estamos habituados e tiveram que se reintegrar a sociedade.
Estamos falando de crianças que foram adotadas pela própria natureza e em muitos casos por animais que nela vivem, o que vai muito além do mito de Rômulo e Remo que foram abandonados nas águas do Rio Tibre e salvos por uma loba, que os amamentou e os viu crescer para que, posteriormente, Rômulo matasse Remo e se tornasse o primeiro imperador e fundador de Roma.
Esses casos foram verídicos e, muitos deles são até difíceis de acreditar. Veja só:
6 – John Ssebunya

Com apenas três anos de idade, John Ssebunya presenciou a pior cena que uma criança poderia presenciar: ele viu seu pai, que tinha diversos problemas psíquicos, assassinar a sua própria mãe.
Depois disso, ele sem pensar duas vezes, simplesmente fugiu para a floresta.
John ficou desaparecido por três anos, quando uma mulher que fazia parte de uma tribo nativa o encontrou.
John estava escondido dentro de uma árvore e foi muito difícil tirá-lo de lá: a mulher então retornou e pediu ajuda da tribo, mas mesmo com vários membros tentando retirá-lo de lá, a resposta não foi nada amigável: tanto John como sua família adotiva, de macacos, resistiam ferozmente às tentativas de resgate do garoto.
Após muito tempo ele foi retirado de lá e sua situação não estava nada bem: ele estava com diversos ferimentos e vermes em seu intestino. John recebeu tratamentos médicos e foi levado a um orfanato, porém não sabia falar nem chorar.
Por cerca de oito anos ele se adaptou à vida humana, aprendendo coisas básicas, como andar sobre duas pernas, falar e comer.
Anos depois ele aprendeu a cantar e tomou parte de um coral infantil chamado Pearl do África e nunca irá se esquecer daqueles que o apoiaram quando ele mais precisou: os macacos.
5 – Ivan Mishukov

Quando tinha apenas 4 anos de idade, Ivan Mishukov fugiu de sua casa, onde vivia em condições precárias e não tinha o que comer. Ele havia sido abandonado pelos pais e seus avós não cuidavam ou alimentavam ele, sendo esse o que fez o garoto ir para as ruas.
Ele ficou vagando até encontrar uma família, próxima a Moscou, que o ajudou: uma família de cães selvagens. Ivan percebeu que, se pudesse alimentar os cães, eles poderiam o proteger. Assim, ele ia até uma padaria local e pedia por pães e restos de comida e também fornecia aos cães, que passaram a protegê-lo.
Ivan acabou se tornando o líder do bando e conta que, quando qualquer um dos cães conseguia algum alimento, tudo era dividido, assim como em uma família de verdade.
O menino foi tão bem tratado como nunca havia sido antes e, dois anos depois, as autoridades o encontraram. Tirá-lo dos cães foi uma tarefa árdua e eles ficaram bem agressivos para impedir que o levassem embora.
Finalmente, os policiais conseguiram e o levaram a um orfanato. Ivan conta que amava muito sua família canina e, se não fosse por eles, não teria como ter sobrevivido nas ruas frias da cidade.
4 – Natasha de Zabaykalsky Kray

Na cidade de Chita, na Sibéria, ocorreram muitos relatos de que uma criança estava sendo tratada pelo pai e outros familiares como um dos muitos cães e gatos da casa. Foi quando, em 2009, Natasha de Zabaykalsky Kray foi encontrada por assistentes sociais em subúrbio da cidade e resgatada.
A garota tinha apenas 5 anos de idade e se comportava como um cachorro. Ela andava com as mãos e os pés sobre o chão, como um cachorro, farejava tudo e latia e rosnava para estranhos.
O resgate não foi uma tarefa fácil: com a ajuda da polícia, os assistentes sociais tiveram que entrar à força na residência e fazer uma força tarefa mútua para poder retirá-la dos animais que a protegiam.
3 – Vanya Yudin, o garoto-pássaro

No ano de 2008 um garoto de apenas 7 anos de idade foi encontrado vivendo em péssimas condições em Volgrado, na Rússia. O menino estava dentro de um apartamento minúsculo, cercado de gaiolas, poleiros e alpiste.
A mãe do menino saia para trabalhar quem cuidava do pequeno eram dezenas de pássaros, que ficavam soltos entre os poleiros.
O pobre menino não sabia falar e apenas abanava os braços, assim com os pássaros
De acordo com os jornais que noticiaram o caso, o menino não sabia falar. Chilreava e quando percebia que não o estavam entendendo, abanava os braços como os pássaros fazer com as asas. É o caso mais recente de criação por animais, mesmo longe do abandono.
M.R. Terci é escritor e roteirista; criador de “Imperiais de Gran Abuelo” (2018), romance finalista no Prêmio Cubo de Ouro, que tem como cenário a Guerra Paraguai, e “Bairro da Cripta” (2019), ambientado na Belle Époque brasileira, ambos publicados pela Editora Pandorga.
2 – Amala e Kamala

Elas ficaram conhecidas pelo mundo todo como “as como as meninas lobo”. Ambas foram encontradas em uma caverna na Índia no ano de1920, por um reverendo chamado Singh que as resgatou e as levou para um orfanato.
Lá no local, as meninas ficavam apenas quietas e recolhidas, possuindo hábitos noturnos e tendo um temperamento muito agitado e feroz. Elas andavam sobre os pés e mãos e uivavam, não podiam falar de maneira alguma. Eram verdadeiras lobas.
Porém, a história foi um tanto trágica: elas se desenvolveram ali e eram livres dentro do contexto que conheciam. No orfanato, por outro lado, acabaram caindo em uma depressão profunda. Amala veio a falecer um ano mais tarde, enquanto Kamala viveu até 1929.
1 – Marina Chapman

Marina Chapman era uma criança britânica de apenas quatro anos de idade que morava em um vilarejo na Colômbia com seus pais. Um dia, no ano de 1954, enquanto ela brincava na horta da casa, algo terrível aconteceu: ela foi sequestrada.
Ela conta que sentiu alguém a puxar pelo braço e prontamente desmaiou, acordando no meio de uma floresta. Inexplicavelmente, após receberem o dinheiro do resgate dos pais, os sequestradores a abandonaram no meio da selva.
Marina foi então acolhida por um grupo de macacos-prego e, como um instinto de sobrevivência, passou a e alimentar como eles, agir e se comunicar como eles.
Ela conta que uma vez havia comido um fruto venenoso e começou a passar mal. Então, o macaco mais velho, que posteriormente passou a chamar de vovô, do grupo viu que ela havia se envenenado e começou a empurrá-la em direção a um riacho. Ali, o macaco começou a pressionar sua cabeça e forçou-a a beber muita água e Marina estava muito assustada, achando que o macaco queria afogá-la. Porém, ela bebeu tanta água que começou a vomitar tudo e foi isso o que a salvou da intoxicação.
“Ele não estava zangado, nem agitado, nem hostil na hora que me levou ao riacho…Jamais saberei o que de fato me envenenou e não faço ideia de como Vovô sabia como me salvar. Mas ele o fez… simplesmente fez” – disse ela.
Após cinco anos convivendo com os macacos, Marina foi encontrada por um grupo de caçadores que, infelizmente, a venderam para um bordel. Ela tinha apenas dez anos e ficou no bordel até conseguir fugir, com a ajuda de uma vizinha.
A vizinha fugiu com Marina e a levou para Bogotá, onde ela começou a construir sua vida. Por muito tempo ela morou nas ruas, quando por fim se mudou para a Inglaterra, onde se casou e teve duas filhas. Em 2012 Marina lançou um livro autobiográfico, chamado The Girl With No Name, “A Garota sem Nome”, que conta sobre sua história de vida.