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5 mentiras que seu cérebro te conta e você acredita

Luciana Calogeras

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O ser humano é muito inteligente e não podemos superestimar ou subestimar as capacidades do homem: ou melhor, do cérebro humano!

Se existe algo intensamente fascinante para todos, isso se chama: a mente humana.

O ser humano é tão inteligente que pudemos fazer coisas incríveis na Terra, que vão desde descobrir o fogo e nos organizarmos em sociedade a visitarmos a Lua e, quem sabe um dia, colonizarmos o espaço.

Porém, não podemos superestimar ou subestimar as capacidades do homem: assim como temos inteligência para muitas coisas valiosas e inclusive para a cura com o desenvolvimento de novas tecnologias, também temos uma incrível capacidade de destruição e para desenvolvermos bombas cada vez mais potentes – como as novas bombas termonucleares, que têm o potencial de quase 800 bombas de Hiroshima.

Somos seres bem complexos e o cérebro humano é de fato cheio de artimanhas que ele mesmo cria e pode nos enganar. Algumas delas são bem curiosas e mecânicas e, por não termos controle sobre elas – já que esses processos existem para que o organismo continue funcionando – podemos de fato nos assustar!

A seguir você verá 5 mentiras que seu cérebro te conta e você acredita. Em outras palavras, que sua mente “mente” para você! Veja só:

5 – Temos uma noção equivocada sobre nós mesmos

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Um estudo publicado em 1999 por David Dunning e Justin Kruger demonstrou que pessoas confiantes demais no que fazem e em seu saber sobre determinado assunto são, na verdade, apenas pessoas confiantes demais. Muitos participantes realmente ruins em determinadas atividades acabaram superestimando suas habilidades, considerando-se bons nas questões e nos exercícios que foram propostos.

O inverso também é válido e pessoas que podem ser boas em determinadas atividades podem julgar-se incompetentes.

Segundo os autores do estudo “Em diversas áreas da vida as pessoas têm muita dificuldade em descobrir o que é e o que não é ser incompetente. Nossos parâmetros são muito imprecisos para que possamos ser juízes em causa própria”.

O produto do estudo recebeu um nome: o efeito Dunning-Kruger. Em outras palavras, é um fenômeno que leva indivíduos que possuem pouco conhecimento sobre um assunto a acreditarem saber mais que outros indivíduos mais bem-preparados. Esses indivíduos acabam tomando decisões erradas e chegando a resultados indevidos, sendo sua incompetência capaz de restringir sua capacidade de reconhecer os próprios erros, enquanto a competência real pode enfraquecer a autoconfiança de um indivíduo.

4 – Nosso cérebro falsamente “prevê” o futuro

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Prever o futuro nos parece algo confortante, sobretudo quando passamos por uma situação difícil – como a morte de um ente querido, o fim de um relacionamento ou até mesmo a perda de um emprego. Muitas vezes usamos a frase “se foi assim era porque era para ser assim”, como uma maneira de nos confortarmos em uma ideia de que existe um “destino” em que possamos nos apoiar.

Porém, a grande verdade é que os seres humanos possuem uma tendência a enxergarem padrões em tudo. Um experimento realizado com alguns participantes demonstrou como o cérebro reúne informações sensoriais, a partir do ambiente externo em que nos encontramos, como uma maneira de “prever o futuro”.

No experimento uma luz piscava alguns segundos após os participantes pressionarem um determinado botão. Surpreendentemente, após inúmeras repetições, grande parte deles relatou ter visto a luz piscar sem que eles tivessem apertado o mesmo botão.

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Essa reação ocorre porque o cérebro “aprende” através da repetição qual será o resultado obtido, sendo que nosso mecanismo mental pode reorganizar os dados para nos fazer compreender melhor o ambiente em que vivemos. Isso nos dá uma falsa sensação de “previsibilidade”, fazendo-nos acreditar que tudo acontece por uma razão misteriosa.

De acordo com estudos do psicólogo Daniel Kahneman, já ganhador de um Nobel, esse tipo de comportamento é descrito como “crença na lei dos pequenos números”. Por exemplo: se uma pessoa morreu em uma estrada, aquele lugar não é considerado seguro mais e assim sucessivamente.

Temos uma constante busca por um motivo especial sobre o porquê as coisas acontecem, talvez surgido de nossos ancestrais. De alguma maneira esse tipo de raciocínio que acabou ficando enraizado em nós e, apesar de não haver problema em aplicá-lo em eventos mais simples e de menor importância, precisamos ter cuidado: isso pode nos levar a tomar decisões erradas ou não agir em situações que demandam de um esforço por nossa parte.

Segundo o psicólogo, não há problema em ter ou não ter “fé”, porém é necessário ter cuidado para que não passemos acreditar que o mundo e que as situações serão sempre do jeito como queremos acreditar que sejam, com base em pequenas amostras de comprovações que, muitas vezes, são até mesmo falsas.

3 – Se criarem um estereótipo sobre você, você pode realmente acreditar que é aquilo!

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Por essa você não esperava, não é mesmo? Parece algo muito injusto, mas se trata de um fenômeno é conhecido como “ameaça de estereótipo”.

Alguns estereótipos acabam realmente afetando a forma como exercermos o nosso raciocínio e, quando ouvimos muito sobre uma determinada informação, acabamos absorvendo e enraizando aquilo. Sem contar que, quando o estereótipo é negativo, o problema ainda é maior.

Um exemplo cientificamente comprovado é que mulheres têm um desempenho fraco em xadrez quando estão jogando com um adversário do sexo masculino. O interessante é que mesmo que as mulheres tenham a mesma ou até mais noção que os homens sobre o jogo, quando apresentada a partida, segundo o estudo, seu desempenho caiu drasticamente.

O mesmo foi válido em outras diversas situações envolvendo habilidades femininas de negociação, habilidades de casais homossexuais masculinos na criação de filhos, entre muitas outras. Em resumo quando uma ideia social é amplamente aceita como um estereótipo, isso acaba minando a autoconfiança do indivíduo, fazendo-o, inconscientemente, “acreditar” naquilo.

Por essa razão é necessário enfatizar em filmes e séries personagens que proponham a quebra do estereótipo, a fim de não afetar negativamente as próximas gerações.

2 – A sensação de ser uma “fraude”

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Você já chegou a sentir que sua vida é uma mentira e que nada disso é real? Ou até mesmo uma sensação de que você não “é tudo aquilo” e que um dia será descoberto e ridicularizado?

Bem, calma: você não está sozinho!  Isso tem um nome e se chama Síndrome do impostor.

Esse “padrão” – se é assim que podemos dizer – foi notado em 1978 quando Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, da Universidade Estadual da Georgia, observaram, ao indagar mulheres de sucesso, que elas tinham a sensação de serem uma fraude. A mesma situação foi identificada em estudantes super competentes da universidade, sendo aqueles que tiram as maiores notas sentiam que estavam “enganando alguém”.

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Segundo as pesquisas, em determinada altura da vida, tanto homens como mulheres sentem que são uma fraude ou que estão enganando os outros. Em níveis maiores, a síndrome do impostor se torna uma desordem psicológica na qual a pessoa não consegue aceitar e admitir suas conquistas, acreditando fielmente que todo o seu sucesso e êxito se devem à ajuda de alguém, á sorte ou ao “acaso”.

E você, já se sentiu assim? Conte pra gente nos comentários!

1 – A mente “mente” para você

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Você já participou de alguma conversa em que havia uma verdade óbvia e alguém tentou provar o contrário? Por exemplo: um colega acaba comendo algo que era seu. Só estava você e ele no ambiente e ele insiste em que você acredite que não foi ele – sendo que ninguém mais entrou no recinto.

Soa muito familiar não é mesmo? Bem, isso acontece com a maioria de nós, seres humanos, e com a nossa incrível capacidade de inventar, inconscientemente, argumentos para provar que estamos certos. Esses argumentos podem ser grandes mentiras e nós passamos a acreditar neles.

Para a ciência esse padrão de comportamento é conhecido como “viés de confirmação”: segundo Jonathan Haidt, psicólogo que estuda o fenômeno, temos uma habilidade incrível de encontrar argumentos que sustentem algo que precisamos acreditar ou que precisamos que outras pessoas acreditem.

Para se ter ideia, a situação pode ir tão longe que o argumento pode até mudar a sua memória e você pode acreditar que um evento de fato aconteceu.

Um estudo publicado no Journal of Neuroscience aponta que, cada vez que nos lembramos de uma situação, como por exemplo uma conversa ou um debate com alguém, nossa memória automaticamente se alterará: isso ocorre porque nós nos lembramos da última vez em que tivemos aquela memória, juntamente com sensações e pensamentos que acompanhavam, e não do evento propriamente dito.

 Imagine só que você discordou da opinião de um amigo seu e isso gerou um debate. Naquele instante você se sentiu frustrado por conta da discórdia e, posteriormente, pensou e pesquisou sobre outros argumentos que poderiam ser utilizados naquela conversa. Ao lembrar novamente dessa memória você se lembrará também de como gostaria de tê-lo respondido e assim sucessivamente, criando uma “bola de neve” mental.  Em outras palavras, a sua memória final pode ser muito diferente da original, já que fragmentos de pensamentos, emoções e tudo o que vem depois se acumularam e continuam se acumulando.

É por esse motivo que investigações policiais não consideram testemunhas oculares como confiáveis, já que nosso cérebro pode realmente bagunçar a nossa percepção e podemos acreditar que vimos coisas quando na realidade não vimos e vice-versa!

E você, já percebeu alguma vez em que foi enganado pelo seu próprio cérebro? Conte pra gente nos comentários!

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Luciana é profissional da área de tradução há mais de 15 anos, atuando também como professora de Inglês. Trabalha no Mistérios do Mundo desde 2016 como redatora e roteirista e em horas vagas é pesquisadora curiosa em diversas áreas do conhecimento.