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10 cidades abandonadas após grandes desastres

Leonardo Ambrosio

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Ao longo da história, não são poucas as cidades que perderam todos os seus habitantes por conta de desastres (naturais ou não).

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Ao longo da história, não são poucas as cidades que perderam todos os seus habitantes por conta de desastres (naturais ou não). Isso acontece porque muitas vezes é impossível recuperar os prejuízos na infraestrutura da região, ou o ambiente simplesmente não é mais habitável.

Confira, nessa lista, uma série de cidades que perderam sua população depois de tragédias de grande porte:

1. Times Beach – EUA

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Localizada no Missouri, a Times Beach chegou a ter mais 2 mil habitantes, mas acabou sendo totalmente evacuada por conta de uma contaminação por dioxina.

O problema começou no início da década de 1970, quando a cidade contratou a Russell Bliss para reformar as estradas locais, que não eram pavimentadas e levantavam grande quantidade de poeira. Entre 1972 e 1976, a companhia realizou o trabalho de lubrificação das rodovias de Times Beach.

O que ninguém sabia é que a empresa contratada estava utilizando uma mistura de óleo de motor com resíduos tóxicos do componente TCDD. Tais resíduos eram provenientes do desfoliante “Agente Laranja”, fornecido pela mesma empresa ao governo dos EUA durante a Guerra do Vietnã.

Em 1982, uma análise realizada pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos EUA indicou que o solo de Times Beach estava com níveis de dioxina mais de cem vezes acima do limite tolerado. Tudo foi agravado depois que uma inundação no rio Meramec levou o TCDD para toda a cidade.

Times Beach foi totalmente evacuada, e o solo incinerado em fornos construídos especialmente para essa finalidade. Em 2012, novas análises revelaram que o local não oferece mais nenhum risco à saúde humana, mas a região continua inabitada.

2. Pripyat – Ucrânia

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Pripyat foi uma cidade ucraniana construída durante a época da União Soviética, e tinha o intuito de servir como moradia para os trabalhadores da Usina Nuclear de Chernobyl.

Em 26 de abril de 1986, quando ocorreu o famoso desastre na usina, toda a cidade precisou ser imediatamente evacuada. Posteriormente, diversos militares foram enviados para a região para fazer a limpeza da cidade, mas o local nunca voltou a ser habitado como antes.

Atualmente, vivem em Pripyat alguns pesquisadores, bem como cientistas e pouquíssimos habitantes (em sua maioria idosos). A entrada na cidade precisa ser autorizada pelas autoridades ucranianas, e os “invasores” podem inclusive ser punidos com prisão. Os turistas, por outro lado, possuem licenças especiais.

3. Wittenoom – Austrália

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Wittenoom é uma antiga cidade localizada a cerca de 1400km de Perth, na Austrália Ocidental. Antigamente serviu como um grande ponte de extração de pedras preciosas, principalmente a partir da década de 30. Entre as décadas de 1950 e 1960, Wittenoom era a única fornecedora australiana do amianto azul.

Toda essa atividade de mineração acabava por gerar uma grande quantidade de terra, proveniente das escavações. Esta terra, por sua vez, era utilizada no revestimento das estradas, em parques infantis e outros locais.

O que as pessoas não sabiam, no entanto, é que a terra que sobrava da extração do amianto era extremamente perigosa para a saúde. As fibras presentes no amianto azul podem causar uma doença conhecida como mesotelioma maligno (uma rara forma de câncer que se desenvolve nos pulmões e no coração).

Os proprietários da mina de Wittenoom ignoraram os avisos de especialistas até 1966, quando diversas análises apontaram que havia partículas de amianto em todas as construções da cidade.

Em 1979, o governo local decidiu evacuar a cidade, comprando as casas dos habitantes e ajudando a custear a realocação das pessoas.

4. Varosha – Chipre

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Varosha, localizada em Famagusta, no Chipre, tinha cerca de 39 mil habitantes no início dos anos 70. Tratava-se de um grande destino turístico, e por conta disso esbanjava prédios gigantescos, arranha-céus e hotéis. Na época, era um dos destinos turísticos mais procurados no mundo todo.

Em 20 de julho de 1974, no entanto, a história de Varosha mudou para sempre. Com a invasão turca no Chipre, a população de Varosha evacuou completamente o local, temendo um massacre.

A população local foi abrigada pelo exército britânico, que tinha uma base militar nas proximidades.

O turcos decidiram cercar toda a área e desde então proíbem a entrada de qualquer pessoa que não faça parte das forças militares da Turquia, bem como os agentes das Nações Unidas. Até hoje Varosha é mantida como uma espécie de “refém” pela Turquia, mesmo com uma Resolução das Nações Unidas ordenando que a área fosse passada para a administração da ONU.

5. Ilha Decepção – Antártida

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Fundada ainda no século 19, a Ilha Decepção fica localizada ao norte da Antártida, em meio às ilhas Shetland do Sul. Durante um bom tempo foi uma referência na indústria baleeira, e chegou a possuir 14 fábricas de processamento de gordura.

Quando a indústria da caça de baleias tornou-se pouco produtiva, a região passou a abrigar bases científicas do Chile e da Inglaterra. Infelizmente, uma série de erupções vulcânicas entre 1967 e 1969 destruíram as bases e forçaram a evacuação do local.

Hoje em dia não existem habitantes permanentes na ilha, mas ela possui um grande apelo turístico.

6. Beichuan – China

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Em 12 de maio de 2008, um terremoto de magnitude 8.0 atingiu a província de Sichuan, na China, deixando quase 70 mil mortos e outros 370 mil feridos. Além disso, o desastre também destruiu a casa de grande parte das pessoas que viviam na região, com algumas localidades tendo mais de 80% dos prédios destruídos.

Uma das cidades mais afetadas foi Beichuan, que teve mais de 80% de seus prédios e construções destruídos após o desastre. Por conta disso, a cidade foi evacuada, deixando para trás apenas um cenário de destruição. O governo chinês decidiu não demolir as ruínas da cidade, mesmo com a debandada de seus habitantes. Hoje, o local é tido como uma espécie de museu, em homenagem às famílias que outrora viveram por lá.

7. Saint-Jean-Vianney – Canadá

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Este vilarejo de Quebec foi totalmente devastado em maio de 1971, mas existem poucas informações sobre o evento. O que se sabe é que a cidade fora fundada em solo muito instável, que acabou cedendo após um período de fortes chuvas. Os deslizamentos acabaram formando uma grande cratera no vilarejo, que engoliu a maior parte das casas.

Também existem alguns registros anteriores ao deslizamento que dão conta de moradores alegando rachaduras em suas casas, sons de água vindo do subterrâneo de suas residências, e alguns até mesmo tiveram suas casas afundando no solo antes do desastre.

Cerca de 30 pessoas morreram durante o deslizamento de Saint-Jean-Vianney, e a cidade foi totalmente desocupada desde então.

8. Gilman – Estados Unidos

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Localizada no estado do Colorado, a cidade de Gilman abrigava uma das minas mais importantes do estado. Foi uma cidade de grande relevância durante a Segunda Guerra Mundial, já que o zinco extraído das minas era utilizado nas atividades bélicas do país. Entretanto, após o final da guerra, a mineração de decaiu na região, fazendo com que as minas falissem e fechassem.

Depois de seu fechamento, o solo das minas acabou inundando, fazendo com que restos de materiais químicos fossem levados até o rio Eagle, principal fonte de água potável da cidade.

Por conta disso, as autoridades americanas declararam a cidade imprópria para a habitação, e todos os moradores foram evacuados. Desde então os EUA já tentaram descontaminar o local, mas a cidade segue fechada até hoje.

9. Tomioka, Fukushima – Japão

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Após o desastre na planta nuclear de Fukushima, foi estabelecida uma “zona de proteção” com um raio de 30km a partir do ponto central da explosão. Tomioka estava entre uma série de cidades que precisaram ser evacuadas dentro deste raio. A cidade contava com cerca de 16 mil habitantes, e praticamente todos evacuaram o local logo depois do acidente. Em razão da saída em massa dos moradores, a grande maioria dos danos provocados em Tomioka ainda não foram reparados.

Atualmente, apenas um homem vive de forma fixa em Tomioka, e ele se ocupa alimentando os animais que foram abandonados por seus donos há cerca de 9 anos – incluindo cães, gatos, porcos, bois, entre outros.

10. Agdam – Azerbaijão

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A cidade de Agdam, pertencente ao Azerbaijão, foi invadida em julho de 1993 por forças militares da chamada “República de Nagorno-Karabakh”, apoiada pela Armênia. Na ocasião, um forte ataque armado do exército armênio obrigou os moradores locais a fugir do local, mas nem todos conseguiram escapar.

No final de julho daquele ano, a cidade estava totalmente sob o controle de Nagorno-Karabakh, que de acordo com vários registros da época cometeu uma grande quantidade de abusos e violações das Leis de Guerra. Temendo um contra-ataque, os invasores destruíram completamente a cidade, que hoje possui apenas ruínas e, obviamente, nenhum morador.

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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