Você sabe, aquela frase idiota que escapou durante uma discussão e cresceu como um mato daninho no coração do relacionamento, até destruir tudo ao redor em um colapso catastrófico.
Casais que sabem discutir de forma saudável têm mais chances de permanecer juntos. Já aqueles que evitam conflitos a todo custo ou usam argumentos destrutivos podem acabar voltando para os aplicativos de paquera mais cedo do que imaginam.
Mas como saber o que não dizer? Especialistas em relacionamentos já mapearam as frases que devem ser banidas do vocabulário de qualquer par que queira manter a conexão forte.
“Você está exagerando”
Parabéns, gênio: você acabou de invalidar os sentimentos do outro e ainda sugeriu que a reação dele não faz sentido. De acordo com Jeanette Fegan, psicóloga especializada em aconselhamento de casais, dizer “você está exagerando” é uma forma de silenciar a voz do parceiro, transmitindo a mensagem de que suas emoções não são importantes.
A solução? Troque a crítica por curiosidade. Em vez de julgar, tente entender o que levou o outro a reagir daquela forma. Fegan alerta que frases como “você está exagerando, como sempre” entram no campo da manipulação emocional, conhecida como gaslighting, pois rotulam o parceiro como alguém descontrolado.
“Você se importa mais com [algo/alguém] do que comigo”
Comparar o amor do parceiro com outros aspectos da vida dele é uma bomba relacional. Lorena Bernal, coach de vida, explica que essa frase não só magoa, mas também coloca em dúvida o afeto que a pessoa sente por você. Ninguém tem o direito de criar um ranking de prioridades alheio ou decidir como o outro deve distribuir sua atenção.
Se você se sente negligenciado, expresse isso sem culpar. Um exemplo: “Sinto que temos passado menos tempo juntos. Podemos conversar sobre isso?”.
“Você nunca me escuta”
A palavra “nunca” é um veneno nas discussões. Bernal destaca que essa afirmação é exagerada e inexata — afinal, se o parceiro realmente nunca ouvisse, o relacionamento já teria acabado. Ao usar esse tipo de generalização, você coloca o outro na defensiva, bloqueando a possibilidade de diálogo.
Prefira abordagens como: “Percebi que alguns pontos não foram entendidos. Podemos revisar isso juntos?”.
“Isso não é verdade – você está sendo ridículo”
Mesmo que a suspeita do parceiro pareça sem fundamento, chamá-lo de “ridículo” só piora a situação. Heather Garbutt, especialista em relacionamentos, enfatiza a importância de entender como o outro vivencia a situação, mesmo que a percepção dele esteja equivocada.
Em vez de atacar, pergunte: “O que te levou a pensar assim?”. Isso abre espaço para esclarecer mal-entendidos sem desrespeito.
“Isso é igual àquela vez em que você…”
Reviver erros passados durante uma discussão atual é como jogar gasolina em uma fogueira. Lorena Bernal explica que mencionar conflitos antigos faz o parceiro sentir que está sob vigilância constante, minando a confiança e a segurança na relação.
Foque no problema presente. Diga: “Estou chateado com o que aconteceu agora. Como podemos resolver isso juntos?”.
“Eu avisei”
Nenhuma relação no mundo foi fortalecida por um “eu avisei”. Eldin Hasa, neurocientista especializado em comportamento humano, alerta que essa frase transmite superioridade e desgasta a autoestima do parceiro. O resultado? Estresse e um clima de desconexão.
Respire fundo e substitua o impulso de ser o “sabe-tudo” por um simples: “Vamos pensar em como resolver isso?”.
“Você é um(a) [insulto]”
Xingamentos são como tatuagens verbais: mesmo que você se arrependa, a marca fica. Jeanette Fegan ressalta que insultos criam um ambiente hostil, onde ambos se sentem desvalorizados e inseguros.
Prefira falar sobre seus sentimentos: “Fiquei magoado quando você fez isso” em vez de “Você é egoísta”.
“Não quero saber disso”
Bloquear a comunicação é como construir um muro entre vocês. Eldin Hasa explica que essa atitude leva ao distanciamento emocional, pois o parceiro passa a evitar compartilhar pensamentos por medo de rejeição.
Se precisar de um tempo, seja honesto: “Estou um pouco sobrecarregado agora. Podemos conversar daqui uma hora?”.
“Por que você não pode ser mais como…?”
Comparar o parceiro com outra pessoa é um atalho para a insegurança. Jeanette Fegan alerta que frases como essa podem levar o outro a adotar um comportamento submiso, apenas para agradar, gerando ressentimento no longo prazo.
Celebre as qualidades únicas do seu par: “Admiro muito como você [destaque uma característica positiva]”.
“Se você não fizer isso, eu vou embora”
Ultimatos são dinamite relacional. Jeanette Fegan define essa tática como tóxica, pois coloca o parceiro em estado de alerta constante, como se o relacionamento pudesse acabar a qualquer instante. Ameaçar a ruptura, mesmo que sem intenção real, contamina a confiança.
Expresse suas necessidades sem chantagem: “Isso é muito importante para mim. Vamos encontrar um meio-termo?”.
A arte de discutir sem destruir está na escolha das palavras. Evitar essas frases não significa evitar conflitos, mas transformá-los em pontes para entender — e não para ferir. Afinal, até os melhores relacionamentos têm dias de tempestade. O segredo é não deixar que os raios queimem o chão que vocês construíram juntos.
