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10 fatos fascinantes sobre o cotidiano do povo da Idade Média

Luciana Calogeras

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10 fatos fascinantes sobre o cotidiano do povo da Idade Média
A vida medieval é conhecida por ser difícil, violenta e curta. Porém ao mesmo tempo, houveram períodos de paz e estabilidade, entre outras curiosidades.

A vida medieval é conhecida por ser difícil, violenta e curta. Porém, ao mesmo tempo, houveram períodos de paz e estabilidade. Além desses dois extremos, no entanto, as imagens populares da Idade Média nem sempre se concentram no lado mais profundo da vida cotidiana dos diversos povos da época. Longe de serem agricultores não-inteligentes, as pessoas durante a Idade das Trevas tinham comportamentos complexos, mistérios e problemas muito relacionáveis. A seguir, você conhecerá alguns deles.

Veja só 10 fatos fascinantes sobre o cotidiano do povo da Idade Média:

10 – Eles reorganizavam sepulturas

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© Peter Stadler / Department of Prehistory, Museum of Natural History Vienn

Na Europa medieval, 40 por cento dos túmulos foram abertos. No passado, ladrões costumavam ser os culpados. No entanto, dois cemitérios recentemente revelaram que pode ter sido uma prática de comunidade. O cemitério austríaco Brunn am Gebirge continha 42 túmulos dos Langobards, uma tribo germânica do século VI. Todos, exceto um, haviam sido vasculhados e apenas alguns objetos foram pegos.

Havia também outra prática bastante incomum nos túmulos: Crânios foram removidos ou um extra fora adicionado. A maioria dos ossos foram movidos com algum tipo de ferramenta. Não se sabe exatamente o motivo, mas a tribo pode ter tentado impedir que os mortos-vivos acordassem. Também é possível que os Langobards quisessem lembrar de seus entes queridos perdidos. Pode ser por isso que mais de um terço dos crânios haviam desaparecido.

9 – Era difícil de provar o casamento

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© Wikimedia Commons

Casar-se na Inglaterra medieval era mais fácil do que tropeçar em uma calçada. Tudo o que era necessário era a presença de um homem e uma mulher, e cada um tinha que concordar verbalmente com o sindicato. Se a menina tivesse 12 anos e o menino 14, não seria necessário o consentimento familiar. Nenhuma igreja ou padre entrava em jogo.

As pessoas costumavam casar onde quer que estivessem, seja em um pub local ou na cama (o sexo contava como casamento automaticamente). No entanto, um aviso da igreja alertava sobre um dos perigos de tal matrimônio simplista. Advertia aos jovens a não enganarem as meninas para fazer sexo. A maioria dos casos relacionados ao casal perante a corte era, de fato, para provar que um casamento havia acontecido e para aplicá-lo.

Se os casais se casassem sozinhos, seria extremamente difícil dizer o que foi acordado (ou erroneamente assumido). Por esta razão, os votos foram encorajados a serem tomados na presença de um padre. O divórcio só poderia acontecer se o sindicato nunca fosse legal em primeiro lugar. As razões incluíam ainda ser casado com um parceiro anterior, estar relacionado (ancestrais distantes eram frequentemente inventados), ou ser casado com um não-cristão.

8 – Homens recebiam tratamento para infertilidade

Homens recebiam tratamento para infertilidade
Shutterstock

No mundo antigo, a abordagem padrão para um casamento sem filhos era olhar para a esposa com desconfiança. Este também foi assumido como o caso da Inglaterra medieval. Mas os pesquisadores descobriram que o contrário era verdade. A partir do século XIII, os homens também eram responsabilizados, pois os livros médicos da época discutiam problemas reprodutivos masculinos e esterilidade.

As páginas também contêm alguns conselhos estranhos para identificar o parceiro infértil e que tratamento empregar: ambos tinham que fazer xixi em potes separados cheios de farelo, selá-los por nove dias, e então verificar se havia vermes. Se o marido era quem necessitava de tratamento, ele enfrentava opções cabeludas para tratar sua “semente inadequada”. Para curar dificuldades de concepção em qualquer pessoa, uma receita pedia que testículos de porco secados fossem moídos e consumidos por três dias com vinho.

Embora os médicos aceitassem a infertilidade como uma condição médica, as cortes medievais eram menos tolerantes. Uma esposa poderia se divorciar do marido se ele fosse impotente.

7 – Aprendizes causavam problemas

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© Wikimedia Commons

No norte da Europa, os pais tinham o hábito de expulsar adolescentes de casa, tornando-os aprendizados, muitas vezes durando uma década inteira. Os benefícios para os adultos incluíam menos uma boca para alimentar e o mestre conseguia mão-de-obra barata.

Cartas sobreviventes, escritas pelos adolescentes, mostravam que a experiência era traumática. Alguns historiadores acreditam que os jovens eram expulsos porque eram indisciplinados e que seus pais acreditavam que o treinamento teria um impacto positivo. Talvez os mestres artesãos sabiam que esses garotos podiam gerar problemas só de vê-los, o que fazia com que muitos fizessem os aprendizes assinarem um contrato para se comportarem. Mesmo assim, os aprendizes tinham péssimas reputações. Longe de suas famílias, ressentindo-se de suas vidas de trabalho e se unindo a outros adolescentes mal-educados, logo produziriam gangues.

Em sua forma mais mansa, eles apostavam e frequentavam bordéis. Na Alemanha, França e Suíça, eles invadiam parques de diversões e causavam desordem. Nas ruas de Londres, brigas violentas eclodiam entre diferentes guildas e, em 1517, a cidade foi saqueada. É provável que o vandalismo tenha vindo da desilusão. Apesar de todos os anos investidos como aprendizes, muitos entenderam que não era garantia de um futuro com trabalho digno.

6 – O verdadeiros idosos medievais

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No início da Inglaterra medieval, uma pessoa era considerada idosa aos 50 anos de idade. Estudiosos britânicos saudaram a era como uma “era de ouro” para pessoas de idade avançada. Acreditava-se que a sociedade os reverenciava por sua sabedoria e experiência. Isso, porém, não era inteiramente verdade. Aparentemente, não havia o conceito de deixar alguém aproveitar sua aposentadoria; os mais velhos tinham que provar seu valor. Em troca de respeito, a sociedade esperava que os membros mais velhos continuassem a contribuir – especialmente guerreiros, homens santos e líderes. Os soldados ainda lutavam e os trabalhadores ainda trabalhavam.

Autores medievais tinham opiniões diferentes sobre envelhecer. Alguns concordaram que os idosos eram espiritualmente superiores, enquanto outros os menosprezavam como “crianças de cem anos”. A velhice em si não recebia belos poemas. Textos descreviam-na o como uma “antecipação do inferno”. Outro equívoco é que todos morriam bem cedo. Algumas pessoas. Porém, ainda viviam bem até seus oitenta e noventa anos.

5 – Mortes diárias

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Durante a Idade Média, nem todos morreram devido à violência e guerras. Os cidadãos também morriam de violência doméstica, acidentes e excesso de entretenimento. Em 2015, os pesquisadores examinaram os registros dos médicos legistas de Warwickshire, Londres e Bedfordshire. Os resultados mostraram uma visão única da vida cotidiana e dos perigos nesses condados.

Morte devido a porcos era algo bastante comum. Em 1322, Johanna de Irlaunde, de dois meses de idade, morreu em seu berço depois que uma porca a mordeu na cabeça. Outro porco matou um homem em 1394. As vacas também foram responsáveis ​​por várias mortes. Segundo os médicos legistas, o afogamento foi responsável pelo maior número de mortes acidentais. Pessoas sucumbiram em valas, poços e rios.

E por assassinatos também. Uma história de 1276 detalha como Joan Clarice cortou a garganta de seu marido e literalmente esfolou seus miolos. Vários morreram de disputas, mas cair de alturas também levou um bom número. Pessoas caíam de árvores, edifícios e muita bebida – uma mulher caiu de uma cadeira que usava para alcançar uma vela. Em 1366, John Cook lutou com um amigo por diversão, mas morreu no dia seguinte por seus ferimentos.

4 – Violência em Londres

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© Museum of London

Quando se trata de derramamento de sangue, dificilmente alguém tinha vontade de se mudar para Londres. Era o local mais violento da Inglaterra. Arqueólogos avaliaram mais de 399 crânios, datados de 1050 a 1550, de seis cemitérios londrinos de todas as classes. Quase sete por cento apresentaram traumas físicos. Entre eles, homens de classe baixa com idade entre 26 e 35 anos preencheram o maior número de sepulturas. Com índices de violência que chegavam ao dobro do que em qualquer outro lugar do país, os cemitérios mostraram que os homens da classe trabalhadora enfrentavam agressões extremas.

3 – Hábitos de leitura medievais

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Durante os séculos XV e XVI, a religião estava imersa em todas as partes das vidas das pessoas. Livros de oração, em particular, eram populares. Usando uma técnica que calcula tons em uma superfície, os historiadores da arte perceberam algo: quanto mais sujas as páginas, mais leitores foram atraídos pelo conteúdo.

Para entender quais eram seus hábitos de leitura, bem como possíveis razões por trás disso, vários livros de orações foram escaneados. As páginas mais manuseadas mostravam que os europeus medievais não eram tão diferentes. Um manuscrito continha uma oração dedicada a São Sebastião que dizia ser capaz de afastar a peste. A oração era constantemente tocada, provavelmente por alguém que temia ficar doente. Outras orações sobre a salvação pessoal também receberam mais atenção do que aquelas que solicitam a outras pessoas.

2 – Gatos eram esfolados

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L. Lloveras et al./International Journal of Osteoarchaeology

Em 2017, um estudo descobriu que a indústria de peles de gato também se estendeu à Espanha. Esta prática medieval era muito difundida, incluindo gatos domésticos e selvagens.

El Bordellet foi uma comunidade agrícola que existiu há mil anos. Entre seus muitos achados medievais, há poços que se acredita terem armazenado colheitas. Mas alguns deles continham ossos de animais e um número inesperado – em torno de 900 pertenciam a esqueletos de gatos. Eles estavam todos no mesmo buraco. O crescimento ósseo indicava que eles tinham de nove a 20 meses de idade, a melhor idade para produzir uma pele grande e sem manchas. Outra forte indicação de que felinos eram esfolados foram marcas de corte.

O norte da Europa tinha a prática de abater felinos para produção de roupas casacos de pele. No entanto, os pesquisadores acreditam que os gatos El Bordellet poderiam ter servido a outro propósito – como um ingrediente em um ritual. Suas covas incluíam um crânio de cavalo, ovo de galinha e chifre de bode. Todos os três são adições conhecidas aos rituais medievais mágicos.

1 – Vestir roupas com listras era algo mortal

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Listras viram moda de ano em ano, mas no passado, uma roupa desse tipo poderia matar uma pessoa. Em 1310, um sapateiro francês decidiu usar roupas listradas certo dia. Ele foi condenado à morte por isso. O homem fazia parte do clero da cidade, que possuía a crença de que listras pertenciam ao diabo.

Cidadãos também precisavam evitar usar listras a todo custo. A documentação dos séculos XII e XIII revela a postura rígida das autoridades contra esse tipo de padrão. Era considerada a vestimenta das classes sociais mais baixas – prostitutas, carrascos, leprosos, hereges e, por algum motivo, palhaços. Até mesmo os deficientes, crianças bastardas, judeus e africanos foram mortos por usarem listras.

Curiosamente, nenhuma teoria explica adequadamente a ligação entre Satanás e listras. Uma tentativa especulativa cita um verso da Bíblia: “Não usem roupas feitas com dois tipos de tecido”. Talvez a mente medieval tenha interpretado a passagem como uma referência às listras. Seja qual for o motivo, no século XVIII, a estranha aversão acabou.

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Luciana é profissional da área de tradução há mais de 15 anos, atuando também como professora de Inglês. Trabalha no Mistérios do Mundo desde 2016 como redatora e roteirista e em horas vagas é pesquisadora curiosa em diversas áreas do conhecimento.