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10 coisas que poucas pessoas sabem sobre Pripyat

Leonardo Ambrosio

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Nessa lista, você vai conhecer alguns fatos e curiosidades que poucas pessoas conhecem sobre a cidade fantasma de Pripyat.

O terrível acidente nuclear de Chernobyl, ocorrido em 1986, é até hoje um dos maiores desastre deste tipo em toda a história. Não é à toa que o trágico evento ainda seja assunto para inúmeros documentários, livros e até mesmo séries de televisão, como a série lançada recentemente pela HBO.

Duas pessoas morreram imediatamente após a explosão no reator da usina, e cerca de 30 sofreram danos a longo prazo por conta da exposição elevada à radiação. Por conta de todo o estrago causado pelo acidente, a cidade de Pripyat, que servia como casa para vários trabalhadores de Chernobyl, foi totalmente evacuada. Desde então, ninguém mais foi autorizado a residir na cidade, que se transformou em um cenário completamente fantasmagórico.

Nessa lista, você vai conhecer alguns fatos e curiosidades que poucas pessoas conhecem sobre a cidade fantasma de Pripyat.

Confira:

1. Ainda é possível sofrer sérias complicações por conta da radiação em Pripyat.

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Ainda que muitos acreditem que o problema da radiação já não é mais tão grave, e que tanto Chernobyl quanto Pripyat já são lugares mais seguros, na verdade as coisas não são bem assim. Ainda que o turismo em Chernobyl já seja liberado com a presença de guias, é preciso tomar extremo cuidado com os chamados ‘hotspots’, presentes principalmente em Pripyat. Tratam-se de pontos específicos em que o acúmulo de radiação ainda ultrapassa todo e qualquer limite suportável e saudável pelos seres humanos. Não quer dizer, é claro, que você vá morrer imediatamente caso pise nesses pontos, mas em alguns lugares os níveis de exposição podem atingir patamares fatais em apenas 4 horas. Em todo caso, o ideal é não andar por lá, mas se você tiver que fazer isso, faça por um tempo realmente curto.

2. Mesmo com as proibições, algumas famílias ainda vivem na região.

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Dois moradores de Chernobyl em 2007. | WikiCommons

Se muitos temem até mesmo passar perto do local da explosão, algumas famílias desafiam todos os riscos e vivem até hoje na chamada “Zona de Alienação”. Trata-se da comunidade conhecida como ‘Samosely’, que conta com cerca de 190 pessoas de acordo com dados de 2012. São, em maior parte, idosos que se recusaram a deixar a cidade na época da explosão, e que até hoje vivem a partir daquilo que cultivam no solo contaminado da região.

O governo russo concedeu recentemente autorização para que esses idosos passassem o resto de suas vidas por lá, mas ordenou que os mais jovens deixassem o local, para que pouco a pouco a Zona de Alienação fosse, realmente, evacuada de forma total.

3. Os cavalos de Pripyat.

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Os cavalos da raça “Przewalski”, com um nome que mais parece um trava-língua, são uma espécie extremamente antiga, em grande risco de extinção. Atualmente, vários cavalos desta espécie vivem em Pripyat, desde que foram introduzidos por lá em 1998. De acordo com os historiadores e paleontólogos, esse tipo de cavalo se assemelha muito com aqueles que eram desenhados nas cavernas há milhares de anos na Europa, o que significa que provavelmente trata-se de uma espécie milenar. Sua preservação, por conta disso, torna-se ainda mais emocionante.

Mas como nem tudo são rosas, os cavalos de Pripyat vêm recentemente apresentando um declínio em sua população. Para os cientistas, a radiação até pode ter uma parte da culpa, mas o problema principal é a atuação de caçadores ilegais na região.

4. Os efeitos nos animais ainda são bem visíveis.

Sem seres humanos, a região de Pripyat se transformou em um paraíso para diversas outras espécies de animais, que a partir da explosão em Chernobyl conseguiram se reproduzir livremente e viver sem a ameaça humana, que como sabemos pode ser extremamente prejudicial para a prosperidade da vida selvagem. No entanto, nem tudo é positivo para os animais.

Assim como ocorre com os cavalos, a radiação também afeta animais como cães, gatos selvagens e lobos. Apesar dos lobos serem animais que normalmente não atacam seres humanos por qualquer motivo, agindo quase sempre em autodefesa, os de Pripyat vêm apresentando cada vez mais um comportamento violento quando em contato com militares e representantes do governo russo na região.

Há, também, diversos casos de gigantismo entre espécies que prosperaram na Zona de Alienação após o acidente, bem como outras mutações assustadoras, ainda que esses casos estejam cada vez mais raros à medida em que o tempo passa.

5. Casos de câncer após a explosão.

A explosão em Chernobyl, por si só, tirou a vida de duas pessoas de forma imediata. No entanto, várias outras vieram a sofrer sequelas e consequências graves por conta da exposição à radiação. Para se ter uma ideia, durante os primeiros cinco anos após o acidente, ocorrido em 1986, os casos de câncer em crianças na Ucrânia aumentaram em 90%. Mesmo entre aquelas que sobreviveram aos efeitos devastadores do acidente nuclear, muitas levaram sequelas para o resto de suas vidas.

6. A Floresta Vermelha.

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A partir da explosão de 1986, grande parte da área verde de Pripyat foi destruída, sem que pudesse ser devidamente decomposta, devido à ausência de insetos e vida selvagem em número suficiente. O resultado disso é uma grande quantidade de vegetação morta que se acumula por anos e anos na região. Os cientistas temem que, ao longo das décadas, caso a “Floresta Vermelha”, como é conhecida, não seja devidamente decomposta, os efeitos negativos no ecossistema podem começar a aparecer inclusive em regiões vizinhas.

7. Incidente no Reator 4.

Enquanto realizava um estudo nas ruínas do Reator 4, o físico Andrei Kharsukhov passou por momentos arrepiantes. O ano era 1997, o acidente nuclear completava 11 anos e Andrei estava acompanhado de uma equipe na zona onde ocorreu a explosão, realizando medições e tomando notas sobre a radiação no local.

De repente, a equipe foi surpreendida por gritos vindo de dentro do reator. Como era de se esperar, Andrei não entrou para conferir o que estava acontecendo lá dentro, mas pensou que talvez fosse algum aventureiro que acabou por ficar preso. Depois de conversar com as autoridades, no entanto, o físico foi informado de que era impossível alguém ter entrado no reator, já que sua porta fora equipada com um alarme pronto para disparar ao perceber qualquer mínimo movimento.

8. O famoso parque de diversões de Pripyat nunca foi oficialmente inaugurado.

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Talvez um dos locais mais famosos de Pripyat seja o parque de diversões, que aparece em milhares de fotografias que rodam a Internet. O que poucas pessoas sabem é que, na verdade, o parque nunca foi aberto ao público. A inauguração era para ter ocorrido em 1º de maio de 1986, seis dias depois do desastre, em comemoração ao Dia Internacional do Trabalhador. Obviamente, com a evacuação total da cidade, o parque acabou nunca sendo inaugurado, e atualmente serve apenas para contribuir com o ar fantasmagórico observado nas fotos da cidade.

9. Vai demorar pelo menos 20 mil anos para a região ser habitável novamente.

É difícil fazer previsões certeiras quando o assunto é a recuperação das condições naturais de Pripyat, mas os especialistas mais otimistas afirmam que somente em 20 mil anos a região poderá ser considerada habitável novamente. Isso porque os danos causados à vegetação ainda estão além do que se possa estimar, e a radiação está totalmente impregnada no solo e em tudo que circunda a cidade.

Ainda que possa ser consideravelmente seguro visitar a cidade por algumas horas, a região está longe de ser considerada habitável.

10. Toque de recolher.

Por mais que se trate de uma cidade praticamente fantasma, o governo ucraniano estabeleceu um toque de recolher na região, que determina que ninguém pode permanecer ao ar livre por lá após as oito horas da noite. Por isso, durante a noite, só o que você pode ouvir em Pripyat são os sons da vida selvagem, que pouco a pouco tenta recuperar seu espaço perdido, e dos bipes eletrônicos dos sistemas de monitoramento de radiação.

Um cenário no mínimo arrepiante, não?

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Leonardo Ambrosio tem 26 anos, é jornalista, vive em Capão da Canoa/RS e trabalha como redator em diversos projetos envolvendo ciências, tecnologia e curiosidades desde 2014.

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